Lisboa, 31 Jul (Lusa) - O interesse pela amamentação é crescente, mas o sucesso nem sempre é garantido. Para ajudar as mães, existem especialistas, como as conselheiras de aleitamento ou consultoras de lactação, que ajudam a ultrapassar dificuldades, esclarecer dúvidas e motivar.
Os dados disponíveis sobre a taxa de amamentação em Portugal são escassos e pouco fiáveis, mas profissionais de saúde e outros especialistas são unânimes em reconhecer que o interesse das mulheres pelo aleitamento é grande.
"Temos grandes taxas de iniciação. À partida, a maior parte das mães está disponível para amamentar, mas a partir do primeiro mês há uma quebra significativa", disse à Lusa Adelaide Órfão, da Direcção-Geral da Saúde, na véspera do Dia Mundial do Aleitamento Materno, que se assinala sábado.
As dificuldades surgem, sobretudo, devido à má adaptação do bebé à mama, a chamada "pega". "Não sendo adequada, a mãe sente dor e pode ter fissuras e o bebé não recebe tanto leite", explicou Adelaide Órfão, sugerindo que as rotinas hospitalares e as modalidades de partos tem uma influência decisiva no (in)sucesso da amamentação.
Para resolver problemas e responder a questões existem "cantinhos da amamentação" em cerca de cem centros de saúde e cinco maternidades, com profissionais de saúde formados nesta área.
Mas a ajuda não se resume aos profissionais de saúde. Isabel Rute Reinaldo, presidente da SOS Amamentação, foi uma das pioneiras dos grupos de apoio "mãe-a-mãe".
Em 1996, participou no primeiro curso de aleitamento materno promovido em Portugal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e pela UNICEF e dedica-se desde então a apoiar mães e promover formação.
"Muita da informação passada às mães está desactualizada", afirmou. Entre as ideias erradas aponta, por exemplo, os limites aconselhados para a duração das mamadas, "que devem variar de acordo com os ritmos de cada bebé", os intervalos de três horas entre refeições "que surgiram devido à digestibilidade mais difícil do leite artificial" e a posição do bebé no peito.
Isabel Rute Reinaldo destaca a importância da pega correcta para o sucesso da amamentação.
A ideia é reiterada por Cristina Leite Pincho, que começou a fazer workshops de amamentação há oito anos e é uma das sete consultoras de lactação reconhecidas internacionalmente em Portugal
Segundo esta especialista, quase todas as dificuldades surgem por causa da pega incorrecta. "Raramente são causas anatómicas", sublinhou, adiantando que praticamente nenhum caso é motivo para iniciar o aleitamento artificial.
Cristina Leite Pincho assinala que "mais do que uma obrigação ou uma questão de saúde, a amamentação é uma experiência gratificante para as mães".
Ainda assim, o aleitamento materno não é tão prolongado como seria desejável, adianta. "A OMS recomenda que a amamentação deve ser exclusiva até aos seis meses e prolongada até aos seis anos. Mas está inculcada uma certa ideia de que isto é excessivo, que é uma aberração", lamenta a consultora de lactação.
Cristina Leite Pincho sublinha que a alimentação com leite artificial surge apenas em quarto lugar nas recomendações da OMS, a seguir ao aleitamento materno, alimentação com leite extraído da mãe e leite de dador humano.
RCR.
Fonte: http://aeiou.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/528657
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